Nicodemos, fariseu, mestre em Israel e membro do sinédrio, foi encontrar Jesus numa noite, fugindo dos olhares julgadores dos fiscais alheios. Cobriu Jesus dos mais exaltados elogios, reconhecendo que ele vinha de Deus e fazia o que nenhum homem conseguia fazer. Jesus, em vez de sentir-se lisonjeado, disse a Nicodemos que se ele não nascesse da água e do Espírito não poderia ver o reino de Deus. Nicodemos pensou que se tratasse de um retorno ao ventre. Jesus, então, explica que o Espírito age como o vento. É possível ouvir sua voz, mas ninguém pode controlá-lo.
O vento é soberano. Sopra onde quer. Não obedece a critérios humanos, não pede licença ao homem para soprar. Sopra onde não sopraríamos e deixa de sopra onde esperaríamos seu sopro. Assim é a obra do Espírito Santo. Ele age quando, onde e em quem quer. O novo nascimento é uma obra soberana dele.
O vento é livre e não se sujeita às imposições humanas. Ele sopra sobre o homem quer este esteja na rua ou em casa, no templo ou no hospital, no trabalho ou no lazer, na azáfama da vida ou no recolhimento do descanso. O Espírito é livre para agir conforme o seu querer. Ele não aceita pressão nem se sujeita a manipulação. A obra da salvação não está nas mãos do homem, mas nas mãos de Deus. Ele faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade.
O vento tem voz. Assim como ele não pode ser visto, mas pode ser ouvido, de igual modo opera o Espírito Santo. É a voz do divino pastor chamando os seus à salvação. É a voz do evangelho que ecoa nos ouvidos da alma. Quando as ovelhas de Cristo ouvem essa voz o tampão e a venda são retirados e aqueles que estavam surdos e cegos ouvem e veem; escravos são libertos e mortos recebem vida.
O vento é misterioso. Não sabemos de onde vem nem para onde vai. Sua atuação transcende nosso controle e nossa compreensão. Não podemos entender como homens violentos da estirpe de Saulo de Tarso podem ser transformados em vasos de honra como Paulo; homens tão limitados e covardes como Pedro podem ser transformados em gigantes no testemunho do evangelho; um indivíduo morto em seus delitos e pecados pode receber vida e vida em abundância. Essa é a obra soberana, livre e misteriosa do Espírito Santo.
Rev. Hernandes Dias Lopes